RCA Telegram News California - Começa julgamento em El Salvador por assassinato de jornalistas holandeses em 1982

Começa julgamento em El Salvador por assassinato de jornalistas holandeses em 1982
Começa julgamento em El Salvador por assassinato de jornalistas holandeses em 1982 / foto: MARVIN RECINOS - AFP

Começa julgamento em El Salvador por assassinato de jornalistas holandeses em 1982

A fase final do julgamento de três ex-comandantes militares de El Salvador pelo assassinato de quatro jornalistas holandeses em 1982, durante a guerra civil no país centro-americano (1980-1992), começou nesta terça-feira (3) em Chalatenango.

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Os acusados pelo crime, que chocou a comunidade internacional, são o ex-ministro da Defesa, general José Guillermo García, de 91 anos; o ex-diretor da extinta Polícia do Tesouro, coronel Francisco Morán (93 anos); e o coronel Mario Adalberto Reyes Mena (85 anos), ex-comandante da Quarta Brigada de Infantaria, com sede em Chalatenango.

A audiência nesta cidade no norte de El Salvador começou por volta na manhã de terça e deve ser concluída na quarta-feira com o veredicto de um júri de cinco membros e a sentença da juíza María Mercedes Argüello. Os réus podem pegar até 30 anos de prisão.

Óscar Pérez, da ONG Fundación Comunicándonos, que presta assistência às famílias das vítimas, confirmou à AFP, do interior do tribunal, o início do julgamento. A imprensa não foi autorizada a entrar na sala de audiências.

Em 17 de março de 1982, os jornalistas holandeses Jan Cornelius Kuiper Joop, Koos Jacobus Andries Koster, Hans Lodewijk ter Laag e Johannes Jan Willemsen foram mortos em uma emboscada pelo batalhão Atonal em Chalatenango enquanto faziam um documentário sobre a guerra civil salvadorenha.

As vítimas trabalhavam para a IKON TV, um canal dos Países Baixos criado por várias igrejas.

Este caso foi reaberto em 2018 depois que a Suprema Corte salvadorenha declarou inconstitucional em 2016 uma lei de anistia de 1993 para crimes da guerra civil.

O conflito, que colocou as forças do governo contra guerrilheiros de esquerda, deixou 75.000 mortos e 7.000 desaparecidos, segundo número oficiais.

- "Precedente histórico" -

Para a Fundación Comunicándonos e a Associação Salvadorenha para os Direitos Humanos, este julgamento "marca um passo decisivo" na busca pela verdade e pela justiça.

"Estamos confiantes de que este julgamento estabelecerá um precedente histórico na luta contra a impunidade", disseram as duas organizações em um comunicado.

Dos três réus, García e Morán permanecem presos em um hospital particular em San Salvador, enquanto Reyes Mena vive nos Estados Unidos. Embora a Suprema Corte salvadorenha tenha aprovado um pedido de extradição em março, não houve progresso.

García chefiou as Forças Armadas de 1979 a 1983, quando foram registrados os piores massacres perpetrados por militares.

O assassinato dos comunicadores foi um dos crimes investigados por uma comissão criada pela ONU após o fim da guerra civil.

"A Comissão da Verdade considera que há provas cabais de que a morte dos jornalistas holandeses (...) foi resultado de uma emboscada planejada com antecedência pelo comandante da Quarta Brigada de Infantaria, coronel Mario A. Reyes Mena, com o conhecimento de outros oficiais", diz o relatório publicado em 1993.

O caso permaneceu impune depois que a juíza responsável recebeu ameaças em 1988 e solicitou refúgio no Canadá.

T.A.Smith--RTC